Em julho de 1994, com o Salão da Aula Magna da Faculdade de Economia do Porto com a presença de cerca de meio milhar de compartes e técnicos, realizou-se a III Conferência Nacional dos Baldios, num quadro marcado por uma profunda crise da agricultura familiar e a aprovação de uma nova Lei dos Baldios – Lei 68/93.
Nesta Terceira Conferência, atendendo à conjuntura da época, decidiu-se convidar algumas personalidades importantes da sociedade portuguesa, desde Professores Universitários, especialistas em diversas áreas e recursos endógenos, a políticos de várias áreas ideológicas. Correspondendo ao convite estiveram presentes: o Juiz Conselheiro Olímpio Dias, homem interessado na floresta, um grande amigo dos Povos dos Baldios; o Prof. Dr. Oliveira Baptista, Professor universitário, cientista, sensível à vida dos problemas dos agricultores portugueses, amigo dos Povos dos baldios, ex-Ministro da Agricultura do V Governo provisório, que preparou o texto da qual viria a sair a Lei dos Baldios e o Dr. Álvaro Cunhal, Secretário-Geral do PCP.
Na resolução aprovada pela Conferência, para além de outras medidas de inegável interesse para os compartes e mundo rural, foi reclamado: maior exigência no que concerne ao apoio económico e técnico para as explorações agrícolas familiares; exploração dos recursos e potencialidades dos Baldios; o respeito pelas atribuições e competências dos Órgãos gestores dos Baldios; aplicação da nova legislação na componente do reforço posse e fruição dos baldios pelos povos. A conferência terminou com afirmação que o 25 de Abril foi a alegria na liberdade dos espaços sem muros na montanha, terras ásperas onde novamente cresceram os rebanhos. Foi com essa esperança e esta força reforçada a partir daí na sua componente unitária e académica que os Povos dos Baldios em Portugal iriam continuar a lutar pelo que é seu, que representa um inestimável património de todo o povo português: a liberdade, a democracia, o direito a participar e a gerir o que lhes pertence.